Depressão

A depressão é uma das doenças que mais cresce nos últimos tempos. A Organização Mundial da Saúde diz que até 2020 a depressão será a doença mais incapacitante do mundo.

Sabemos que a doença existe, estamos acompanhando os noticiários e até pessoas próximas passando por esse transtorno, mas infelizmente ainda existe muito preconceito, preconceito este do próprio individuo portador do transtorno também, normalmente por sentir culpa e incapacidade.

 

Como funciona a depressão no cérebro

A depressão não escolhe sexo e nem idade para se instalar, e está interligada a uma série de fatores atuais, do desenvolvimento humano, da relação familiar, das relações sociais, às vezes de algum acontecimento (morte de um ente querido, perca de emprego e etc) sendo que a pré-disposição genética ajuda.  A depressão é muito mais séria do que se imagina, não trata simplesmente de alterações de humor perceptíveis, mas alterações e deficiências de alguns neurotransmissores, serotonina, noradrenalina e dopamina, pode estar ligada as alterações hormonais também. Essas alterações trás uma deficiência na comunicação entre os neurotransmissores, que chamamos de mensageiros.

Existem 3 graus da depressão, leve, moderada e grave, o que vai diferenciar esses níveis é a quantidade dos sintomas abaixo presente na vida da pessoa. A depressão quando não tratada não tende a sumir, mas sim aumentar, desse modo, é extremamente necessário ficar atento aos sintomas, pois felizmente a maioria das pessoas buscam ajuda quando a depressão já entrou em um nível mais avançado, onde não há mais perspectiva de vida, podendo chegar ao suicídio.

 

Sintomas:

Rebaixamento de humor, redução da energia e diminuição da atividade.

Humor deprimido, triste, desesperançado, sendo que em crianças e adolescente às vezes aparece como irritabilidade.

Sentimento de vazio

Diminuição da capacidade de concentração, tomada de decisão.

Diminuição da energia como Fadiga, cansaço mesmo após um esforço leve.

Diminuição da autoestima e da confiança

Sentimentos de desvalia,  culpa e fracasso.

Perda de interesse e de prazer (principalmente em coisas que anteriormente tinha prazer)

Despertar matinal precoce ou despertar várias vezes antes do horário

Alterações Psicomotoras, como agitação ou retardo psicomotor como lentidão.

Perda de apetite ou aumento

Perda de peso ou aumento

Perda da libido

Alterações no sono (dormir excessivamente ou dificuldades em dormir)

Pensamentos sobre morte, ideação suicida ou tentativa (variando desde o desejo em não acordar mais e até que o outro ficaria melhor se o individuo estivesse morto).

 

Como diferenciar um estado de tristeza de uma depressão

O que vai determinar depressão é o tempo que  esses sintomas persistem, por exemplo: na depressão a pessoa experimenta o sentimento de culpa ou desvalia com mais frequência e não 1X por semana, avaliar também o tempo, se já tem quantos meses que a pessoa se comporta assim. Essa é a maior diferença entre um estado de tristeza (normal, faz parte do cotidiano de todos) e do estado depressivo que persiste por tempo e repetidas vezes na semana, podendo chegar a 5X na semana, ou mais.

 

Depressão tem cura?

Sim a depressão tem cura. É necessário acompanhamento psiquiátrico com medicamentos, medicamentos estes que vão trabalhar nas conexões desses neurotransmissores deficientes, e acompanhamento psicológico com psicoterapia. Sem o devido cuidado a depressão pode e vai se agravando.

 

Tratamento com Psicoterapia

 

A terapia EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares) pode lhe ajudar a ressignificar isto.

O EMDR auxilia o seu cérebro a processar as lembranças negativas transformando e recuperando lembranças positivas. Tais lembranças não são apagadas você convive com elas porém, não lhe incomoda mais, a impressão é de ter ficado lá atrás.

Depois do tratamento quando você se deparar com o mesmo estímulo que antes causava sofrimento, seu corpo e mente não reage mais como antes.

Você tem culpa do quê?

Costumo falar que todos nós temos um sentimento e/ou crença negativa sobre nós mesmo que move nossa vida nos relacionamentos sociais, familiares, conjugal e etc.

É bem difícil de perceber, porque parece que ele já está embutido em nossa personalidade de tal forma que se você se livrar desse sentimento negativo, pode dar a impressão de perda da própria identidade.

Acontece que esses sentimentos e crença negativa são desproporcionais, e mesmo a gente lutando para se livrar para não sentir, por exemplo: a culpa; criamos uma emboscada psicológica e sentimos essa culpa independente do que você faça.

Tive um paciente que era alimentado pelo sentimento culpa, não importava o que ele fazia, ele sentia culpa, o reconhecimento foi algo libertador para ele, que recém separado, sofria por achar que a separação fosse culpa só dele, esse sentimento o movia de tal forma, que ele tentava suprir todas as necessidades comprando e dando de tudo para sua filha e ex-mulher, ele me dizia assim: “faço isso para não me sentir culpado”. Acontece que como ele dava tudo para sua filha e sua ex-mulher, não sobrava nada para ele, então acabou indo morar em um lugar que só tinha uma cama para dormir, e toda vez que se deparava com aquele cômodo vazio, sentia culpa “está vendo você está assim por culpa sua”!

O sentimento desproporcional lhe cega de tomar uma iniciativa e procurar solução, você fica mergulhado nessa culpa, e não consegue enxergar além.

 

Estratégia de tratamento

A primeira estratégia é fazer o reconhecimento do sentimento desproporcional.

A segunda é começar a tratar o próprio sentimento.

 

Tratamento

Para explicar o tratamento do EMDR, usamos a mesma teoria do Sono REM, estágio mais profundo do sono em que acontecem os movimentos oculares rápidos, é neste estágio que o nosso cérebro processa toda a experiência do dia. Entretanto quando passamos por alguma experiência traumática o cérebro tem mais dificuldade de processar estes conteúdos, deixando assim “rastros neurológicos”. É ai que entra a ajudinha da terapia EMDR, pois ela auxilia o reprocessamento dessas lembranças ou sentimentos negativas transformando e recuperando lembranças e sentimentos positivos.

 

Como funciona a sessão?

Nas sessões de EMDR utilizamos muito a concentração e a memória. O paciente traz um tema/lembrança/evento/sentimento/pensamento que lhe perturbe e começamos a trabalhar esses disparadores. E ao contrário do que se imagina, o EMDR não é nenhum tipo de hipnose, mesmo porque o paciente sempre está no controle da situação e pode pedir para parar ou acelerar o procedimento a qualquer momento.

Nessa terapia eu descobri que nosso cérebro é incrível e temos que confiar nele. A Dra. Francine Shapiro diz “se o corpo humano tem a capacidade de curar as feridas físicas, porque não a mente?” E de fato tenho comprovado isso dentro do consultório. Uma das maiores vantagens do EMDR é de ser uma terapia rápida, porque é nosso cérebro que realiza a cura.